Manifesto internacional em defesa das eleições no Brasil

Press release WBO 19 de setembro de 2022

  • Roger Waters, Anne Hidalgo, Danny Glover, Pablo Iglesias e Noam Chomsky estão entre os mais de cem signatários artistas, acadêmicos, ativistas e políticos de 10 países

  • Documento busca respaldar instituições brasileiras diante das investidas antidemocráticas de Bolsonaro

Um grupo de personalidades do mundo político, acadêmico e artístico estrangeiro lançou nesta segunda-feira (19) um manifesto contra os ataques do presidente Jair Bolsonaro à democracia no Brasil e em defesa do sistema eleitoral e das instituições encarregadas de zelar pelo resultado da disputa de 2 de outubro.

A página do manifesto foi lançada nesta segunda-feira (19) na internet, contendo nomes de um grupo inicial de pouco mais de cem signatários. O documento traz consigo um formulário para que novos assinantes possam aderir. Como se trata de um manifesto internacional, a adesão é restrita a pessoas que estão fora do Brasil – brasileiras ou não.

O lançamento da iniciativa é internacional. No Brasil terá uma cerimônia marcante, programada para ocorrer no Tuca, teatro da PUC de São Paulo, na Rua Monte Alegre, nº 1024, durante a cerimônia que marcará os 45 anos da invasão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo por agentes da ditadura, em 22 de setembro de 1977, num incidente que resultou na prisão de mais de 500 estudantes. O historiador americano James Green, presidente do Conselho de Diretivo do WBO (Washington Brazil Office), fará a leitura oficial do manifesto durante a cerimônia.

O texto do manifesto diz que “Bolsonaro planeja contestar sua eventual derrota ao desacreditar o sistema eleitoral brasileiro”. Os signatários afirmam ainda que o presidente brasileiro “acusa os juízes dos tribunais superiores de serem corruptos e partidários, prevê que os votos serão adulterados e suspeita que a mídia esteja a serviço do campo adversário”, o que eleva “o risco de que o sufrágio popular não seja ouvido e respeitado” no Brasil.

Nomes como o do músico britânico Roger Waters, ex-integrante do Pink Floyd; do ator americano Danny Glover; dos filósofos Michael Lowy e Noam Chomsky; da prefeita de Paris, Anne Hidalgo; do ex-vice-presidente da Espanha Pablo Iglesias; e da presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, assinam o documento, que, a partir de 22 de setembro, estará aberto a novas adesões no site do WBO, um think tank brasileiro apartidário e sediado em Washington, que idealizou o manifesto juntamente com a USNDB (US Network for Democracy in Brazil), a Common Action Forum, a Red (Rede Europeia pela Democracia no Brasil) e o Coletivo Passarinho.

Os signatários pedem “que as eleições presidenciais no Brasil ocorram nos termos da Constituição, que todas as ameaças e violências contra os candidatos e seus apoiadores sejam condenadas e combatidas, que as instituições republicanas sejam mantidas em suas atribuições e suas decisões respeitadas e que as Forças Armadas não interfiram no processo eleitoral, na apuração dos resultados ou na transmissão do poder”.

Outras ações internacionais

O lançamento do texto faz parte de uma série de ações mais amplas em defesa da democracia no Brasil no plano internacional. Em julho, o WBO organizou a visita de 19 representantes de organizações da sociedade civil brasileira a Washington, para encontros com o Departamento de Estado americano, além de deputados e senadores, no Capitólio, com o intuito de informar esses interlocutores sobre os ataques ao sistema eleitoral brasileiro e pedir que eles reconheçam o resultado das eleições presidenciais, assim que ele for proclamado, seja quem for o vencedor.

Dois meses após a viagem da comitiva, no dia 9 de setembro, um grupo de quase 40 deputados e senadores americanos – muitos dos quais haviam estado com representantes das organizações brasileiras em Washington, em julho – entregaram ao presidente dos EUA, Joe Biden, uma carta na qual pedem que o governo americano rompa relações com o Brasil e tomem outras medidas caso o resultado da eleição de outubro não seja respeitado. 

Ao longo do mês de setembro, uma série de encontros semelhantes ocorreram em capitais europeias como Berlim, Bruxelas, Madri e Paris, além de Genebra. Nesses encontros, membros do Parlamento Europeu e das Nações Unidas, além de outros interlocutores políticos foram alertados sobre os ataques de Bolsonaro à democracia brasileira e ao sistema eleitoral. 

Também em setembro, as mesmas organizações envolvidas no lançamento do manifesto lançam o Mês Internacional em defesa da Democracia no Brasil, no qual universidades como Harvard, Brown e Princeton, nos EUA, já anunciaram a realização de debates, palestras e mesas-redondas que têm como tema a política brasileira e o momento atual da democracia no país.

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