WBO assessora delegação de organizações negras em fórum da ONU em Genebra

Comunicado do WBO
24 de abril de 2024

O WBO (Washington Brazil Office) assessorou uma delegação composta por sete organizações negras durante a 3ª Sessão do Fórum de Pessoas Afrodescendentes das Nações Unidas, realizada de 16 a 19 de abril de 2024, em Genebra, na Suíça.

A delegação foi composta por representantes das seguintes organizações:

  • Instituto Marielle Franco

  • Odara Instituto da Mulher Negra

  • Redes da Maré

  • Fundo Agbara

  • Movimento Mulheres Negras Decidem

  • Observatório da Branquitude

  • CEERT - Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades

“Nossa estratégia foi baseada na busca de diálogos com diversos interlocutores, como missões permanentes, funcionários da ONU, ONGs parceiras, acadêmicos e staff de ministérios de países diversos, com o objetivo de reforçar o êxito da criação do próprio Fórum”, disse Ana Barreto, assessora para Gênero, Diversidade e Raça do WBO.

Nesses diálogos, a delegação brasileira reforçou a todos os interlocutores a importância dos chamados Processos de Durban, adotados durante a 3ª Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, em 2001, na África do Sul, e da necessidade de que se estabeleça um processo negociador para que se chegue a um consenso sobre a Declaração da ONU sobre os Direitos das Pessoas Afrodescendentes . “Esse trabalho de diplomacia de sociedade civil tem base na experiência histórica do Brasil nos processos multilaterais, principalmente a partir da perspectiva dos movimentos de igualdade racial e de gênero no Brasil, em sua contemporaneidade”, disse Paulo Lugon Arantes, coordenador do Programa Europa do WBO.

A delegação participou também das plenárias do Fórum, interagindo em temas ligados aos processos de reparação histórica, educação etc. Como resultado concreto, emergiu o primeiro manifesto em um foro da ONU demandando um esquema de reparações pelo Estado português. As organizações brasileiras publicaram uma carta inédita demandando reparações à antiga potência colonial.

Na mesma semana em que a carta foi publicada, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, disse em entrevista a correspondentes estrangeiros: “Temos que pagar os custos (pela escravidão). Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso.”

Ao mesmo tempo, foi iniciado também um trabalho com a Coalizão Negra por Direitos e a OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre a perspectiva racial das novas formas de escravidão no Brasil, que tem por objetivo retirar a maioria dessas vítimas, que são negras, da invisibilidade política, social e econômica, quebrando um ciclo histórico e vicioso de exploração e servidão.

A atividade estruturada continua com o seguimento das tratativas durante a sessão, junto à OIT e com o envio de elementos de linguagem à minuta da Declaração que está sendo negociada pelo Grupo de Trabalho de Durban.

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